Belo Horizonte, 27 de fevereiro de 2017 – A manhã desta segunda-feira no bairro Prado, em Belo Horizonte, poderia ter terminado em tragédia. Três homens armados tentaram assaltar um veículo parado em frente à Academia de Bombeiros Militar de Minas Gerais, onde duas pessoas estavam no interior. O que os criminosos não esperavam era a presença de um soldado atento e preparado para reagir: João Antônio de Carvalho Resende.
A ação do militar
De serviço como sentinela no portão principal, Resende notou a movimentação suspeita. O olhar treinado o fez desconfiar do grupo que rondava o veículo. “Eles estavam se aproximando de maneira estranha, parecia que procuravam o momento certo para agir. Percebi que havia risco para os ocupantes do carro e decidi me antecipar”, relatou.
Poucos instantes depois, a desconfiança se confirmou: os indivíduos anunciaram o assalto. O militar acionou os demais membros da guarda e, sem hesitar, se apresentou como bombeiro. A ordem foi clara: que os criminosos parassem imediatamente a ação. A resposta, no entanto, foi uma ameaça direta: um dos assaltantes sacou uma arma e apontou contra o soldado.
Diante do risco iminente à própria vida e à das vítimas, Resende reagiu. Efetuou disparos de advertência, o suficiente para forçar a fuga dos assaltantes. Eles levaram o carro junto das vítimas, mas minutos depois, o desfecho foi surpreendente: as pessoas retornaram em segurança ao quartel, recuperando o veículo e relatando que os criminosos fugiram apenas com alguns objetos pessoais.
“Minha maior preocupação foi com as pessoas dentro do carro”
Em entrevista, o soldado João Antônio descreveu o episódio como um dos momentos mais tensos de sua carreira. “Na hora, não tem tempo para pensar muito. Minha maior preocupação foi com as pessoas dentro do carro, que estavam indefesas. Vi que poderia acabar em tragédia e precisei agir rápido”, contou.
Ele admite que sentiu o peso da ameaça ao ser encarado pelo assaltante armado, mas afirmou que o treinamento recebido na corporação foi essencial para manter a calma. “O medo existe, claro. É impossível negar quando alguém aponta uma arma para você. Mas o preparo fala mais alto. Fui treinado para defender vidas e cumprir meu dever”, destacou.
O reencontro com as vítimas foi, segundo ele, um dos momentos mais marcantes. “Foi emocionante. Elas voltaram muito abaladas, mas vivas. Receber o agradecimento delas me deu a certeza de que fiz o certo. É para isso que nos preparamos todos os dias.”
Formação e preparo
A atuação do soldado Resende não foi fruto apenas de coragem pessoal, mas também de uma formação rigorosa. Na Academia de Bombeiros Militar, além de treinamentos de combate a incêndios e salvamento, os militares recebem instruções sobre situações de risco envolvendo a segurança pública.
Especialistas em segurança ressaltam que a postura preventiva foi determinante para evitar uma tragédia. “A leitura atenta da cena, antes mesmo do crime se consumar, é um diferencial. Foi a percepção do militar que permitiu agir no momento certo”, afirma o professor de segurança pública da UFMG, Carlos Ribeiro.
Esse tipo de preparo reforça o papel dos bombeiros militares não apenas no enfrentamento a incêndios e desastres naturais, mas também na proteção da comunidade contra a criminalidade em situações emergenciais.
Repercussão na comunidade
Moradores da região elogiaram a atuação do militar. A comerciante Maria Aparecida, que trabalha em frente ao quartel, disse que ficou impressionada com a rapidez da ação. “Foi tudo muito rápido. Só percebi o que estava acontecendo quando ouvi os disparos. Depois fiquei sabendo que o soldado tinha evitado o assalto. Graças a Deus ele estava lá”, afirmou.
Outro morador, Paulo Henrique, destacou que a presença do quartel na região já traz sensação de segurança, mas que episódios como esse reforçam a confiança da população. “Saber que eles estão sempre atentos dá tranquilidade para todos nós. Hoje ficou claro o quanto isso é importante.”
Reconhecimento oficial
A corporação não demorou a reconhecer a atitude do soldado. Após apuração dos fatos, foi confirmado que Resende agiu em legítima defesa e na defesa das vítimas, sem indícios de qualquer transgressão disciplinar. O ato foi classificado como exemplar e digno de elogio.
Em despacho oficial, o Corpo de Bombeiros concedeu a ele a Nota Meritória, honraria destinada a militares cuja atuação gera relevante benefício para a comunidade. O documento destacou a disciplina, a coragem e a repercussão positiva da ocorrência.
Para o comando da corporação, a ação de Resende representa o espírito de prontidão e dedicação que caracteriza os bombeiros militares de Minas Gerais.
Um exemplo de serviço à comunidade
O episódio ficará registrado não apenas na carreira do soldado João Antônio de Carvalho Resende, mas também na memória da comunidade. Sua pronta reação impediu que duas pessoas se tornassem vítimas de um crime violento em plena luz do dia.
Mais do que isso, reforçou a imagem de que os bombeiros militares são profissionais prontos para agir em defesa da vida em qualquer circunstância. Como disse o próprio Resende: “Ser bombeiro é estar preparado para tudo. Seja em um incêndio, em um resgate ou em um assalto, nossa missão é sempre proteger as pessoas.”
