O que leva uma pessoa beber exageradamente? O vício no álcool é um problema com abrangência global: mais de 4 milhões de pessoas em todo o mundo morrem em consequência direta ou indireta do alcoolismo.
Porém, a nossa cultura brasileira e certas condições presentes no país tornam as estatísticas nacionais ainda mais preocupantes. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo de álcool no Brasil superou a média mundial em 2016.
O relatório da entidade aponta que o brasileiro consumiu em média 8,9 litros de álcool naquele ano, já considerando a quantidade diluída da substância. Entre os 143 países avaliados, a média foi de 6,4 litros por pessoa.
O hábito de “beber socialmente” coloca as pessoas em contato constante com o álcool. Mesmo quem não tem vontade de beber está exposto a esse contato em ocasiões comemorativas e até eventos relacionados ao trabalho. O que leva uma pessoa a beber exageradamente?
Depois do primeiro gole, parte do álcool entra quase que automaticamente no sangue através da mucosa da boca, sensível ao etanol. Em uma hora, ele já passou por outras partes do corpo como estômago, intestinos e se concentra na corrente sanguínea.
Essa facilidade também é encontrada ao chegar ao cérebro, onde a barreira que separa o tecido cerebral do sangue não tem resistência ao álcool. Isso faz com que ele esteja presente na mesma concentração tanto na cabeça quanto em todo o sangue.
O fígado é o responsável por metabolizar a substância e eliminá-la do corpo. Como a sua capacidade é de quebrar as moléculas do equivalente a 350 ml por hora, se a pessoa beber mais que isso, corre o risco de sofrer intoxicação.
Como você pode perceber, desde o primeiro gole, a pessoa começa a correr diferentes riscos, o que pode afetar a sua saúde física e mental. Por isso, nem sempre a boa vontade é o que basta para pôr fim a esta situação. É preciso receber ajuda de quem entende do assunto para uma compreensão de como e por que alguém começou a beber exageradamente. O que leva uma pessoa a beber exageradamente?
Sintomas do alcoolismo
O metabolismo do álcool pelo organismo é feito principalmente pelo fígado, que remove cerca de 98% da substância do corpo humano. O restante é eliminado pelos rins, pulmão e pele.
Os sinais de embriaguez são amplamente conhecidos: euforia, alterações no comportamento, perda da timidez, emotividade exagerada e, em alguns casos, tendência à agressividade. Porém, os sintomas de alcoólatra vão muito além da intoxicação por álcool.
Em geral, pessoas que já se tornaram dependentes tendem a:
- beber sozinhos e fora de situações sociais;
- continuar a beber mesmo quando percebem que estão se afastando da família e dos amigos;
- demonstrar agressividade quando confrontados;
- ter dificuldades para parar de beber mesmo estando embriagados;
- apresentar paranoia e alucinações;
- tentar esconder as evidências do consumo de bebidas alcoólicas;
- apresentar sinais preocupantes, como perda de memória, tremores, insônia e falta de apetite.
Homens e mulheres
O que leva uma pessoa a beber exageradamente? Na hora de beber, faz diferença se você é homem ou mulher. Isso porque as mulheres possuem menor quantidade de água no organismo, o que faz com que o álcool fique mais concentrado. Assim, uma mesma quantidade de bebida afeta as mulheres mais rápido e de forma mais intensa do que os homens. Por isso, elas são mais expostas às consequências do uso de álcool e têm maior risco de desenvolver dependência do que eles.
Considerando essa diferença entre os sexos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece que os homens não devem ultrapassar o consumo de três doses diárias de álcool e as mulheres , de duas doses diárias (uma dose equivale a uma latinha de cerveja, uma taça de vinho ou 25 mililitros de destilados, como uísque e vodca).
No entanto, a quantidade de mulheres que abusa do consumo de bebidas alcóolicas vem crescendo no Brasil. De acordo com uma pesquisa realizada em todas as capitais brasileiras e divulgada em 2010 pelo Ministério da Saúde, o número de mulheres que ingere álcool abusivamente passou de 8,2% da população em 2006 para 10,6% em 2010. De modo geral, o percentual da população adulta que bebe álcool em excesso passou de 16,2% para 18% nos quatro anos, o que representa cerca de 34 milhões de pessoas.
Consumo moderado
Muitas pesquisas, no entanto, vêm afirmando que o uso moderado de álcool pode trazer benefícios para a saúde. Porém o tema é muito controverso. A polêmica começa logo na hora de definir o que é beber moderadamente. “Comumente essa definição é confundida com beber socialmente, que significa o uso de álcool dentro de padrões aceitos pela sociedade”, diz Campos.
A OMS estabelece que o consumo aceitável álcool é de até duas doses por dia para homens e uma dose por dia para mulheres. Nessa quantidade, algumas pesquisas apontam que a bebida pode trazer benefícios para a saúde. Vários estudos, entre eles os realizados pelo Kaiser Medical Center, da Califórnia, e outro pela Universidade da Flórida (UFA), apontam a relação entre a bebida com a redução de 32% no risco de morte por ataque cardíaco e o aumento de 10% a 20% dos níveis de HDL (conhecido como “colesterol bom”). O que leva uma pessoa a beber exageradamente?
“Entretanto, é importante ressaltar que, apesar de o uso leve a moderado de álcool ser potencialmente benéfico para muitas pessoas, certamente não o é para todos, pois os efeitos do álcool sobre a saúde dependem do histórico médico e de riscos individuais”, alerta Andrade. A própria OMS afirma que não existe um nível absolutamente seguro para o consumo do álcool e aponta que em algumas situações (como mulheres grávidas, pessoas que planejam dirigir ou que usam alguma medicação), o consumo do álcool não é recomendado nem em pequenas quantidades.
Por outro lado, algumas pesquisas apontam que mesmo o consumo moderado de álcool pode trazer sérios prejuízos para a saúde. “De acordo com a literatura médica, a moderação no uso de bebidas alcoólicas pode estar relacionada com o aumento no risco de desenvolvimento de alguns tipos de câncer, em especial o de mama, e também com o aumento no risco de anomalias fetais, com diminuição no peso e tamanho do feto”, destaca Campos.
Diagnóstico do alcoolismo
Ao identificar sintomas de alcoólatra em si mesmo ou em alguma pessoa próxima (amigo ou familiar), é fundamental procurar auxílio especializado para fazer o diagnóstico correto e evitar que o problema evolua.
Existem alguns critérios básicos para diagnosticar a dependência de álcool. Os sintomas de alcoolismo são avaliados de acordo com os parâmetros do Código Internacional de Doenças (CID), que estabelece o diagnóstico quando o paciente apresentar ao menos 3 das seguintes condições nos últimos 12 meses:
- desejo incontrolável (compulsão) por bebidas alcoólicas;
- falta de controle quanto ao consumo (para começar, parar ou regular a ingestão de álcool);
- sinais de abstinência física ao cessar o consumo;
- evidências clínicas de aumento da tolerância ao álcool;
- perda de interesse (gradual e progressiva) por atividades da rotina e de convívio social;
- insistência no consumo de álcool apesar da percepção das consequências do ato para a saúde e cognição.
Além disso, existem diversos testes, exames e questionários que podem auxiliar no diagnóstico e na análise dos sintomas de alcoólatra. Por isso, é fundamental buscar auxílio especializado para combater a dependência e evitar as consequências do problema.
Agora que você conhece melhor os sintomas do alcoolismo, está preparado para identificar quando uma pessoa precisa de ajuda de uma clínica de recuperação. Contar com profissionais qualificados é fundamental para uma recuperação efetiva, sem recaídas no futuro.