Ainda não há confirmação científica de que o vírus da varíola dos macacos (Monkeypox) seja transmissível por meio de sangue, tecidos, células e órgãos, mas diante do aumento do número de casos em diversos países, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) alertou sobre precauções que devem ser tomadas nas transfusões de sangue.
As principais recomendações da OMS dizem respeito à triagem clínica que é feita com os candidatos à doação:
- Aqueles que tiveram contato com pessoas ou animais infectados, mesmo sem manifestar sintomas, devem aguardar 21 dias após o contato;
- Pessoas infectadas não devem doar sangue até que todos os sintomas (como lesões na pele e febre) sejam completamente resolvidos. Além disso, aguardar 21 dias após o surgimento dos primeiros sintomas.
A nota técnica completa pode ser acessada na íntegra no site da Anvisa.
Segundo Bianca Colepicolo, médica veterinária e mestranda em saúde pública, o procedimento é necessário até que se entenda melhor sobre o surto e os meios de transmissão.
“A questão da transfusão de sangue é, sim, uma precaução necessária nesse momento, porque o que se sabe é que qualquer fluído corporal, inclusive nas relações sexuais, transmite o vírus. É mais uma doença que teremos de conviver nos próximos meses”, alerta a médica.
Emergência Internacional
Neste sábado (23), a OMS declarou a varíola dos macacos uma emergência internacional de saúde. Segundo o diretor-geral da Organização, Tedros Adhanom, uma reunião do comitê de especialistas que analisa a situação do vírus ao redor do mundo não conseguiu chegar a um consenso sobre transformar ou não a doença em emergência internacional, mas o status foi anunciado neste sábado, já que o surto se espalhou rapidamente pelo mundo, por meio de novos modos de transmissão, sobre os quais a organização entende muito pouco.
Cinco situações foram levadas em conta para que a OMS declarasse emergência internacional: crescimento de casos em países que nunca haviam registrado o vírus; critérios do Regulamento Sanitário Internacional para declarar emergência internacional; falta de consenso no comitê de emergência; princípios científicos; e o risco à saúde humana.
Bianca Colepicolo explica que a população deve ficar atenta aos cuidados básicos enquanto se entende melhor sobre a transmissão. “As precauções de higiene são muito importantes. Não conseguimos evitar ter contato com tudo e todos, mas manter as mãos limpas, usar máscaras em ambientes com muita aglomeração, evitar usar a mesma roupa, um sapato que você vem de fora de casa continua sendo uma precaução importante para qualquer tipo de doença viral”, destaca a médica. “Manter uma boa imunidade, manter boa noites de sono e uma alimentação saudável, tudo isso ajuda seu corpo a lidar com essa quantidade enorme de vírus que estamos tendo de conviver.”
Até o momento, já foram registrados 16 mil casos de varíola dos macacos em 75 países. No Brasil, segundo a última atualização do Ministério da Saúde, já são 607 infectados com o vírus. Há registro em 13 estados, além do Distrito Federal. São Paulo concentra a maior parte deles, com 438, seguido de Rio de Janeiro (86) e Minas Gerais (33).
Fonte: Brasil61