Um morador do Distrito Federal foi infectado com raiva e acendeu um alerta da Secretaria de Saúde local e do Ministério da Saúde, no âmbito nacional. Esse é o primeiro caso na capital do país desde 1978. O paciente, um adolescente, está em estado grave. A letalidade da doença é de quase 100%.
Segundo a Secretaria do DF, o jovem em observação foi arranhado por um gato em maio deste ano e teve piora do quadro no fim de junho. A raiva pode contaminar humanos, rebanhos e animais domésticos. Ela é transmitida para as pessoas pela saliva dos animais infectados, principalmente em mordidas, ou por arranhões.
Os morcegos são responsáveis pela maior parcela de casos de raiva em humanos na área rural, como explica a veterinária Emanuele Gonçalves. “O verdadeiro transmissor é o morcego chamado de Desmodus rotundus, que é aquele morcego que se alimenta de sangue nas áreas rurais. Através de sua mordida, ele consegue disseminar o vírus em mamíferos. Em boi, vaca, macaco, em alguns silvestres”, conta.
Apesar de ser um problema mais comum nas áreas rurais, a especialista lembra a trajetória do vírus até chegar aos centros urbanos. “Com a expansão das cidades, ao decorrer dos anos, elas foram cada vez mais se introduzindo nas florestas, na parte rural, e os animais, os cães, tiveram contato com essa região. Com o seu tipo de caça, eles tiveram contato com o morcego ou com algum outro animal que esteja contaminado através da mordida do morcego, assim levando o vírus para área urbana.”
Cães, gatos, raposas e primatas também já causaram a doença pelo mundo. Nos humanos, os sintomas podem não surgir nos primeiros 45 dias e variam de acordo com o quadro e fatores como a parte do corpo e profundidade da mordida. O vírus pode provocar mal-estar, febre, náuseas, dor de cabeça, irritabilidade e outros sintomas gerais. O diagnóstico, porém, deve ser feito por meio de exame laboratorial. Os quadros avançados causam paralisia, o que leva a paradas cardiorrespiratórias.
Nos animais domésticos, são dois tipos de sintomas principais entre cães e gatos. “É a parte furiosa, em que o animal realmente fica muito bravo, furioso, ele chega a não reconhecer o próprio tutor, fica com medo, fica ansioso. E o outro sintoma é a paralisia. Por conta do vírus ter chegado no sistema nervoso, ele consegue paralisar o corpo, a musculatura do animal. Um sintoma clássico, bem característico, é a saliva. Por que essa saliva fica tão exposta na boca do animal? Justamente por esse fato do animal estar com a musculatura da deglutição paralisada. Ele não consegue deglutir, porque está totalmente parado”, detalha a veterinária Emanuele.
Vacina
A melhor forma de evitar a raiva é a vacinação de cães e gatos, como ressalta o diretor da Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde do DF, Laurício Monteiro Cruz. “Ela tem como finalidade causar a proteção imunitária desses animais, fazendo com que eles não peguem raiva e que também não possam transmitir o vírus da raiva para o ser humano”, diz.
A prevenção também se torna essencial por não haver atualmente um tratamento ou cura para a raiva nesses animais. Quando contaminados, a eutanásia é indicada pelos veterinários. O Ministério da Saúde ainda recomenda evitar se aproximar de bichos domésticos desconhecidos e não tocá-los quando estiverem se alimentando, com filhotes ou dormindo.
“Em caso de agressão por animais, é preciso lavar o ferimento com água corrente e sabão imediatamente e buscar atendimento médico para orientações sobre a necessidade de receber a vacina antirrábica”, divulgou a pasta, em nota.
Fonte: Brasil61