O descarte correto de eletroeletrônicos e eletrodomésticos traz benefícios não só ao meio ambiente, mas também à população. A Associação Brasileira de Reciclagem Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (ABREE) realizou uma campanha de arrecadação dos equipamentos junto ao Governo do Distrito Federal (GDF), no dia 3 de dezembro.
Em entrevista ao Portal Brasil 61, o presidente executivo da ABREE, Sérgio de Carvalho Maurício, explica como deve ser o descarte dos eletroeletrônicos e eletrodomésticos, os danos causados ao ambiente e a importância da conscientização e difusão do conhecimento sobre o tema. Ele também explicou o conceito de economia circular.
Brasil 61 – Como deve ser o descarte correto dos eletroeletrônicos e eletrodomésticos?
SCM – O descarte é algo que devemos levar com seriedade. Os produtos que temos em nossa casa, quando chegam ao final da vida útil e precisam ser descartados, podem se transformar em um pesadelo para o meio ambiente e para os consumidores. Se vai para o meio ambiente, compromete o solo, o ar, porque são produtos de difícil degradação. Vão do fone de ouvido à geladeira. Esse produto deve ser descartado em um ponto de entrega voluntária para que, a partir daí, seja transportado por associações como a ABREE.
Nós vamos garantir que esses produtos cheguem a uma empresa de manufatura reversa, que vai pegar o produto, desmontar, separar os metais, plástico, vidro, para que possam ser reciclados, reintroduzidos na cadeia produtiva _ e voltem a se transformar em um produto.
Brasil 61 – Como exatamente o descarte incorreto impacta o meio ambiente?
SCM – O peso é bastante grande. Vai muito além da poluição visual. Óleo lubrificante, gases, resíduos dos produtos acabam permeando e contaminando o solo, o que chega aos rios e mares e se torna um problema sério para o meio ambiente e para a população. Há também o problema climático. Os gases refrigerantes comprometem a camada de ozônio, o que tem promovido as mudanças climáticas. Pessoas mais vulneráveis acabam vendendo alguns desses componentes. E essas pessoas, ao se colocarem nesse processo de desmontagem incorreta, acabam em risco.
Brasil 61 – Como avalia o cenário do descarte correto de eletroeletrônicos e eletrodomésticos?
SCM – Ainda falta muita difusão do conhecimento. O Brasil precisa de conscientização e informação. A conscientização para que o consumidor brasileiro entenda que aquele produto não é lixo, é uma matéria-prima colocada no local errado, e que descartado de maneira incorreta pode ser perigoso. Mesmo os que já têm essa consciência não sabem onde descartar. No nosso site tem informações sobre pontos de recebimento. Alguns locais oferecem coleta domiciliar. Como fazer essa informação chegar ao consumidor? Nós, que já temos a informação, temos que passá-la adiante.
Brasil 61 – O senhor citou o conceito de economia circular. Poderia explicar mais sobre esse conceito?
SCM – Ao meu ver, esse conceito muda a dinâmica da economia no mundo. A economia linear tem produtos demandados pelo consumidor, que chegam até ele e são consumidos. O problema é que depois há o descarte de resíduos e a economia circular é o processo que procura garantir que esses resíduos percorram o trajeto inverso, saindo da casa dos consumidores e chegando finalmente a empresas que vão aproveitar essa matéria-prima.
Economia circular garante que os produtos sejam fabricados, transportados, comercializados, cheguem ao consumidor final e, depois de consumidos, são transportados novamente, desmontados de maneira adequada; tanto do ponto de vista ambiental quanto trabalhista, para que esses produtos não ofereçam risco ao meio ambiente e os materiais possam se transformar em matéria-prima reciclada. Fecha-se um ciclo e minimiza-se o descarte de resíduos que efetivamente não possam ser usados na economia circular.
Fonte: Brasil61